Natal é ressignificado por quem venceu a covid

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“Neste ano, finalmente vai ter Natal. Estamos fazendo de tudo para comemorar essa data e agradecer pela vida”, fala entusiasmado o professor de química, Robert Gessner Junior, 32 anos, próximo a completar um ano que venceu a covid-19. Ele foi internado na UTI do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), três dias antes do Natal de 2020, com 50% do pulmão comprometido. Passou a data ligado a um respirador e antes do Ano Novo precisou ser submetido ao procedimento da ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) que funciona como pulmão e coração artificiais. Acordou do coma no dia 8 de janeiro e precisou de meses para se recuperar das sequelas da doença e voltar ao trabalho, mas uma paralisia na mão e no pé direito ainda persiste. “Sem dúvida, as celebrações deste ano serão mais do que especiais. Saber que estou vivo e que vou passar essa data perto da minha família, que tive uma nova chance para realizar meus sonhos…”, complementa.

O pensamento também é compartilhado pelo médico intensivista Jarbas da Silva Motta Junior. Ele coordena a UTI onde o professor ficou internado e foi o primeiro a atender um caso grave da doença na capital paranaense, no início da pandemia. “Nesta época, não tem como deixar de fazer um balanço de tudo o que passamos e vimos trabalhando na unidade de terapia intensiva. No Natal passado, estava trabalhando aqui, com meu pai internado em um dos leitos com a doença. Na minha casa, minha mãe seguia isolada em um dos quartos com covid e minha mulher com meus dois filhos pequenos na sala. O significado desta data agora é ainda mais forte”, ressalta o médico.

O aposentado Jarbas Motta, 70 anos, foi diagnosticado com a doença no dia 8 de dezembro, na cidade de Igrejinha (RS). Após uma piora rápida no estado de saúde, o filho decidiu transferir o pai para Curitiba (PR). Viajou a noite toda até a cidade onde o pai vive e, chegando lá, entrou na ambulância para refazer o trajeto, percorrendo, de novo, os 720 quilômetros que separam uma cidade da outra. “Meu pai mora em uma cidade pequena e que não tem os recursos que temos aqui. Acompanhando mesmo a distância, vi que os exames alteraram muito e corri buscá-lo. O oxigênio precisou ser trocado duas vezes durante a viagem e, quando chegamos, foi levado direto para a UTI. Foram dias de muito medo e angústia, mas tive a sorte de acompanhar a melhora e alta do hospital em janeiro”, relembra.

Alívio e esperança

No Brasil, 22,2 milhões de pessoas foram infectadas pela covid-19 desde o início da pandemia e mais de 616 mil perderam a vida. Na primeira semana do mês de dezembro, a média móvel de mortes no país ficou em 188 – a menor desde 22 de abril de 2020, e bem abaixo da média de abril deste ano, quando morriam duas mil pessoas por dia.

“Dezembro nos trouxe a sensação de alívio”, afirma o intensivista. “Sabemos que a pandemia ainda não acabou e a importância de manter alguns cuidados, como o uso da máscara e higienização das mãos. Mas o avanço da vacinação nos trouxe esperanças de lutarmos todos juntos contra a doença”.

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