A polícia da memória, finalista do International Booker Prize 2020, e do National Book Awards 2019, foi traduzido para diversos idiomas e reitera o talento da escritora contemporânea Yoko Ogawa. Publicado originalmente em 1994, chegou ao Brasil em 2021 pela Editora Estação Liberdade, com tradução de Andrei Cunha.
Acaba de ser noticiado que haverá uma adaptação cinematográfica dirigida por Reed Morano (The Handmaid’s Tale, 2017, e Agora estamos sozinhos, 2018), roteiro de Charlie Kaufman, vencedor do Oscar de melhor roteiro original, em 2005 (Brilho eterno de uma mente sem lembranças, 2004), estrelada pela recém-indicada ao Oscar de melhor atriz e ganhadora do Globo de Ouro Lily Gladstone, reunindo novamente a atriz e o produtor executivo Martin Scorsese (A invenção de Hugo Cabret, 2011, O lobo de Wall Street, 2013, e Assassinos da Lua das Flores, 2023).
Ainda sem data de lançamento, a adaptação foi confirmada no início de 2024.
Em polícia da memória, Yoko Ogawa conduz o leitor ao mundo das memórias perdidas. Uma ilha é vigiada pela “polícia secreta”, que busca e elimina vestígios de lembranças. Na trama, uma escritora tenta manter intactos resquícios de histórias, de algo que possa permanecer. Não é fácil, já que tudo ao redor desaparece — objetos, pertences, espécies e famílias inteiras — e ela não pode contar sequer com a própria memória.
O leitor é convidado, instintivamente, a acessar o seu próprio arcabouço de lembranças e percorre uma jornada de recordações que também gostaria de preservar. Algo que tem se tornado familiar na atualidade, e a todos que têm criado um novo mundo, já que o anterior, pré-pandemia, já não mais existe, e que nunca será como antes.
Acessar as memórias é acessar, também, o que criamos e o que se mistura ao real. Ler A polícia da memória é embarcar no mais profundo do ser. Há uma pergunta que circunda toda a narrativa: se pudesse, o que você preservaria intacto, e não perderia da memória?
Yoko Ogawa se estabeleceu como uma das escritoras de maior prestígio no Japão. Dona de diversos prêmios de literatura japonesa, entre os quais o Akutagawa pela novela Diário de gravidez, o Yomiuri por A fórmula preferida do professor, o Izumi Kyoka por Burafuman no maiso [O enterro de Brahman] e o Tanizaki por Mina no koshin [A marcha de Mina] (estes últimos ainda sem tradução no Brasil), Ogawa aborda em suas obras temas que envolvem a psiquê humana, como memória, solidão e alienação social.
Em nosso catálogo, além de A polícia da memória, Yoko Ogawa está presente com mais três títulos: O museu do silêncio (trad. Rita Kohl), A fórmula preferida do professor (trad. Shintaro Hayashi) e o nosso recém-lançado volume contendo três novelas, A piscina; Diário de gravidez; Dormitório (trad. Eunice Suenaga). Para acompanhar a novidade do filme, trazemos ainda mais uma: muito em breve adicionaremos mais um título da autora em nosso catálogo: Hotel Íris, com tradução de Jefferson José Teixeira.