Paralisias, perdas de sensibilidade, falhas na comunicação e na visão, incapacidade de locomoção, falta de memória são algumas das sequelas que as vítimas de AVC (acidente vascular cerebral) enfrentam. Isso sem contar as perdas de vidas e de entes queridos que faleceram pela doença. Em 2022, o AVC foi a maior causa de mortes no Brasil, chegando a superar o infarto do miocárdio. É também a doença que mais incapacita pessoas no mundo, seja por perda de capacidade motora e/ou cognitiva (mental). Os dados mundiais são assustadores: o AVC é responsável por uma morte a cada seis segundos; e a cada quatro pessoas, uma será acometida pelo AVC em algum momento da vida, segundo dados da Organização Mundial do AVC ( WSO).
Por isso, faz-se tão urgente discutir as doenças relacionadas ao sistema cerebrovascular, estratégias de prevenção, tratamento e reabilitação, assunto que é o foco do XVI Congresso Brasileiro de AVC. O evento científico, que começa nesta quinta-feira (12), em Curitiba, é promovido pela Sociedade Brasileira de AVC, entidade ligada à Academia Brasileira de Neurologia. O congresso será realizado até o dia 15 de outubro, no complexo Viasoft Experience (no campus da Universidade Positivo) e reunirá mais de 1,3 mil médicos e profissionais da saúde. O Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba), referência no atendimento especializado ao AVC, é parceiro do evento e vai mostrar ao público os investimentos em estudos, tecnologia, inteligência artificial e no corpo clínico para acelerar ainda mais o diagnóstico dos casos de AVC agudo no Pronto Atendimento.
“O AVC tem tratamento e pode ser evitado. Precisamos fazer com que cada vez mais pessoas saibam quais são os sinais e sintomas de um AVC, para que rapidamente busquem atendimento especializado”, explica a Dra Vanessa Rizelio, neurologista do Hospital INC, e que integra a comissão organizadora do Congresso. O INC estará presente no evento também com equipe de neurologistas que vai compartilhar conhecimento por meio da coordenação de aulas, mesas e atividades dentro da programação científica e treinamentos oferecidos aos congressistas.
Importância da atuação de equipe multiprofissional
O Congresso propõe mostrar a força da ciência brasileira na busca de ampliar o conhecimento e a compreensão do cenário epidemiológico do AVC e de suas consequências, além das estratégias de prevenção e as terapias emergentes como robótica e inovação tecnológica que podem ser incorporadas ao atendimento dos pacientes. No entanto, é a atuação da equipe multiprofissional, junto ao time de reabilitação, que ganhará destaque neste evento. A linha de cuidado do AVC envolve desde o atendimento pré-hospitalar, as equipes de emergência e terapia intensiva, e uma gama de profissionais da saúde, como enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, entre outros.
O evento conta com sessões voltadas ao treinamento de médicos da atenção básica de saúde, que será promovido pela Organização Panamericana de Saúde, além de uma capacitação para as equipes de atendimento pré-hospitalar do SAMU saberem identificar e atender aos casos suspeitos de AVC. O papel das comunidades será abordado durante a Reunião das Associações de Apoio a Pacientes. Além disso, será assinado o Documento de Posicionamento sobre o AVC: A Crise Silenciosa e Oculta que Aflige Nossa Sociedade, que foi coordenado pela ABAVC, em consonância com associações de apoio ao paciente de todo Brasil. A ideia é chamar a atenção para o impacto do AVC sobre o paciente e a sociedade, e reivindicar políticas públicas que possam garantir o acesso a um tratamento de qualidade em todo o país.
Outubro é o mês de conscientização do AVC
O AVC ocorre basicamente por dois mecanismos: falta de circulação cerebral (isquemia) ou sangramento no cérebro ou ao seu redor (hemorragia). Os casos de isquemia acometem até 80% dos pacientes, e ocorrem devido à obstrução de uma ou mais artérias que levam o fluxo sanguíneo para o cérebro, fazendo com que aquela área não mais receba oxigênio e glicose, o que leva a morte dos neurônios e de parte do tecido cerebral. Nas hemorragias cerebrais, a ruptura dos vasos sanguíneos, de aneurismas ou malformações vasculares, causa danos e também a perda de neurônios. As hemorragias têm potencial de maior gravidade, devido ao risco de aumento da pressão intracraniana, estado de coma e maior mortalidade.
Alguns dos sintomas que um paciente pode manifestar durante o AVC: perda de força no braço, na perna ou na metade do corpo, incapacidade na fala ou na comunicação, paralisia ou desvio na boca, perda de visão total ou parcial, visão duplicada, dificuldades para andar, tontura com perda de equilíbrio, dor de cabeça súbita e explosiva. E quando o sintoma se manifesta, a doença já está acontecendo, e requer ação imediata para tentar reverter o quadro e evitar sequelas.
Para o tratamento do AVC do tipo isquêmico, é necessário reestabelecer o fluxo sanguíneo cerebral. O uso de trombolítico é a estratégia fundamental na terapia e existe uma janela de tempo para infusão deste medicamento, que é de apenas 4,5 horas a partir do início dos sintomas do AVC. Outro tratamento é a retirada do trombo de dentro da artéria (trombectomia). “O Brasil apresenta uma grande defasagem entre o número de pacientes acometidos e a disponibilidade de serviços para atendimento”, afirma Dra. Viviane Flumignan Zetola, professora de Neurologia da Universidade Federal do Paraná e presidente do Congresso. “O AVC e as doenças cerebrovasculares estão entre os assuntos mais importantes das neurociências, considerando o seu impacto devastador na sociedade, na família e na economia. Fatores de riscos podem ser controlados, como a hipertensão arterial e o diabetes. A prevenção é a maior arma nessa batalha médica”.
SERVIÇO:
XVI Congresso Brasileiro de AVC
De 12 a 15 de outubro
Local: Viasoft Experience – R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300
Informações: www.avc2023.com.br