Diferentes facetas da Itália retratadas com muita arte num suporte inusitado: lenços de seda, também chamados de “foulards”. É isto que traz para Curitiba a exposição “2.8 Seta-Re”, que chega ao Brasil após ter sido apresentada em cidades italianas. A mostra fica em cartaz na capital paranaense entre os dias 29 de maio e 9 de junho, com entrada gratuita, no Solar do Rosário.
A exposição faz parte da programação oficial do Mia Cara 2019, evento que celebra a cultura italiana. Na mostra “2.8 Seta-Re”, quatro artistas foram convidados a criar estampas que apresentassem diferentes aspectos da cultura daquele país, tendo como curadoras a curitibana Consuelo Cornelsen e a italiana Nadia Calzolari. A mostra reúne trabalhos dos artistas Fernando Canalli, André Brik, Eduardo Bragança e Thiago Goms.
A “2.8 Seta-Re” traz um intercâmbio entre os países e formas de expressão. “O mundo não tem mais fronteiras”, comenta Consuelo. “Hoje, tudo converge: arte, inovação, história, conhecimento, tecnologia, culturas, Itália e Brasil, Paraná e Bologna, seda e arte. Esse é um projeto inspirado nessas convergências, que busca criar novos pontos de contato e troca entre culturas diferentes”, explica a curadora.
A Itália, país que valoriza cultura, arte e beleza há séculos, entra em contato com o Brasil, mais especificamente com a seda produzida em Maringá com o casulo de maior prestígio, Bombyx Mori. Os artistas convidados se encarregaram então de soltar a imaginação para criar as estampas, retratando ícones italianos em arquitetura, gastronomia, paisagens, arte e moda, entre outros.
A mostra foi apresentada inicialmente na Itália, em províncias como Reggio Emilia e Correggio, no Palazzo della Seta, e na FICO Eataly World, um dos maiores polos turísticos voltado à gastronomia da Itália. Agora chega ao Brasil completa, com 16 desenhos de cada um dos quatro artistas. O nome da exposição faz referência à data e ao local onde a seda chegou na Itália. Segundo a história, no dia 2 de agosto de 1502 a nobre italiana Lucrécia Bórgia levou a seda para o país europeu. Seta significa seda, em italiano. O “Re” faz alusão à região de Reggio Emilia.
Artistas comentam o trabalho
Fernando Canalli busca inspiração na leveza da seda unida ao movimento do desenho, refletindo famosas construções italianas. “O foulard (lenço) permite que arquitetura e arte se tornem um elemento de identidade de uso cotidiano e representam a nossa busca incessante por símbolos, autenticidade e individualidade”, comenta o artista.
André Brik brinca com texturas e volume em seus desenhos, com toque de humor. “Meu trabalho tem relação com surrealismo e naturezas mortas, gosto de brincar com o formato das coisas, então a culinária italiana foi meu tema”, explica. “Nós de Curitiba nos identificamos muito com a cultura italiana, em especial à gastronomia, e me senti privilegiado de poder expressar isso”, completa o artista.
O português Eduardo Bragança fugiu do tradicional expressionismo abstrato de seu trabalho para alcançar um paradigma mais realista nos lenços. O artista criou paisagens italianas e trabalhou muito com as cores da bandeira daquele país. Sobre ter participado do projeto, afirmou: “Acho isso ótimo para o fomento e atenção do público, tornar o foulard produto de uso, produto artístico e dignificar a mensagem”.
Thiago Goms, conhecido por personagens humanos com cabeças de gato, trouxe este conceito para os trabalhos. “Esta série começou há algum tempo com a ideia de pessoas que tentam ser livres dentro da sociedade e se arriscam a serem menos domésticos, viverem do que acreditam”, conta. Os felinos humanizados visitam pontos turísticos e andam de clássicos veículos italianos em suas imagens.
A exposição “2.8 Seta-Re” ficará em cartaz entre os dias 29 de maio e 09 de junho, no Solar do Rosário (Rua Duque de Caxias, nº 04). A mostra pode ser visitada gratuitamente, de segunda a sexta, das 09h às 19h30, aos sábados, das 09 às 13h, e aos domingos, das 10h30 às 14h. Mais informações no site www.miacara.com.br.