Doenças urológicas são um tanto comuns e, por isso, nem sempre recebem a atenção necessária. Se não tratadas, porém, podem evoluir para casos mais graves. E as queixas têm sido mais comuns nesse período de home office, quando os hábitos estão alterados. O urologista Mark Fernando Neumaier, do Hospital Marcelino Champagnat, esclarece mitos e verdades sobre as principais doenças:
O desejo de urinar se intensifica no frio – VERDADE
Para manter a temperatura corporal equilibrada no clima frio, os vasos sanguíneos periféricos se comprimem para diminuir a perda de calor. Isso reduz a perda de líquido através da pele e, consequentemente, aumenta a vontade de urinar.
Outro fator é o consumo de líquidos quentes, que, muitas vezes, contêm cafeína, componente que irrita a bexiga. No entanto, a vontade de urinar pode estar relacionada à cistite ou bexiga hiperativa, condição que, além do aumento da frequência de idas ao banheiro, pode causar vazamentos, urgência de urinar e nocturia (vontade de urinar durante o período de sono).
Mulheres costumam ter mais infecções urinárias que os homens – VERDADE
A uretra da mulher é muito mais curta que a do homem, o que favorece a entrada de bactérias na bexiga. Outros fatores também favorecem o desenvolvimento de cistites (infecções urinárias), como pouca ingestão de água, retenção da urina por muito tempo e candidíase vaginal. “É importante equilibrar o consumo de água diário e idas mais frequentes ao banheiro. Urinar logo após o ato sexual também auxilia na expulsão de eventuais bactérias”, completa.
Cistite não é uma doença grave – MITO
Dor ao urinar, aumento da frequência urinária, sensação de que a bexiga não esvaziou totalmente são os sintomas mais comuns da cistite e devem ser tratados com antibióticos e acompanhamento médico. Geralmente, em 50% dos casos, a cistite pode acabar espontaneamente, no entanto sempre há o risco da doença evoluir para uma pielonefrite. Isso acontece quando a infecção atinge os rins, causando febre, dor lombar e no corpo, perda do apetite e podendo provocar, até mesmo, uma sepse (inflamação que se espalha pelo corpo).
“Outro ponto importante é a incidência de cistites. Até duas infecções por ano, podemos considerar normal. Acima disso, merece uma avaliação médica mais minuciosa”, ressalta Neumaier.
Friagem causa cistite – MITO
As dicas das avós, de que as mulheres não devem se sentar em superfícies frias, ficar com os cabelos molhados ou sentir frio, para não desenvolver uma cistite, são mitos. “A mudança de temperatura pode causar vontade de urinar, como reflexo do corpo, mas não desencadear uma doença. Já a exposição ao frio, aliada a outros fatores, pode contribuir para baixar a imunidade, o que facilitaria o aparecimento de infecções”, explica o urologista.
Homens não devem ficar muito tempo sentados – VERDADE
A infecção urinária nos homens não é tão comum como nas mulheres porque a uretra é maior, dificultando que as bactérias cheguem à bexiga. No entanto, o home office tem feito com que as pessoas passem mais tempo sentadas em frente ao computador, condição que pressiona a próstata e favorece sua inflamação, conhecida como prostatite.
Os sintomas da prostatite podem variar muito, desde a vontade de urinar com maior frequência, sensação de não ter esvaziado totalmente a bexiga ou apresentar um quadro mais silencioso, como febre, dor lombar, ardência no final da micção, dor quando ejacula e dor na ponta do pênis.
Ingerir água também é uma forma de prevenção – VERDADE
O consumo adequado de água estimula o funcionamento do aparelho urinário e ajuda a prevenir inflamações na bexiga e o surgimento de pedras nos rins. Já bebidas com muito sódio, como refrigerantes e sucos com conservantes, favorecem a formação de cálculos.
“Outro alerta importante é estar atento a sinais como dor ao urinar, alteração na micção, sangue na urina e dor nas costas, sintomas que podem estar relacionados a doenças como câncer nos rins, na bexiga ou na próstata. Exames diagnósticos periódicos também ajudam a evitar o agravamento de doenças”, ressalta o urologista