Voltar ao passado e resgatar a história de pescadores artesanais, conectando as tradições de Brasil e Portugal. Esta é a proposta do projeto premiado Raízes, um livro fotográfico, com 128 imagens, produzido pelo fotógrafo curitibano Rafael Saldanha, que há mais de dez anos se dedica à área, tendo seus trabalhos reconhecidos com quatro prêmios, além de receber diversas menções honrosas ao longo da carreira.
A exposição e o livro Raízes, que serão lançados nesta quinta (31) em Curitiba, na Casa Portfólio, além de todo o resgate histórico, celebram os 200 anos da colônia portuguesa Nova Ericeira, que foi estabelecida no litoral norte de Santa Catarina, mais especificamente em Penha.
Em síntese, as fotografias fazem uma costura da rotina dos pescadores artesanais que formam a comunidade da Nova Ericeira tanto de Portugal como do Brasil. O trabalho documental se debruça sobre essa história, cujo passado se mistura às próprias origens de comunidades colonizadas por imigrantes.
Das 128 imagens do livro, 36 fotografias estarão na exposição apresentadas de uma forma simples, singela e, ao mesmo tempo, potente, conectando com o que é a vida no barco e no mar: elas foram impressas em tecido. “Optei por essa impressão para remeter às velas dos barcos dos antepassados. Além disso, as fotografias ficarão expostas em redes de pesca numa estrutura de bambu, para trazer toda essa ligação”, comenta Saldanha. A curadoria das imagens da exposição foi feita pelo fotógrafo Nilo Biazzetto que, além de ter grande renome na área, é padrinho de Rafael.
Raízes – foto rafael saldanha
Rafael Saldanha iniciou o projeto em 2012. Naquele ano, o fotógrafo começou a ter contato com pescadores de Penha — que mantêm até hoje cultura de pesca artesanal ligada às raízes portuguesas — e fez seus primeiros registros.
Em seu livro, Saldanha conta que a experiência foi tornando-se cada vez mais “reveladora”, e em 2017 sua pesquisa o levou às comunidades originais, em Portugal. “O contato com os representantes originários dessa tradição foi surpreendente e elevou a abordagem e o escopo do projeto. Ao mesmo tempo, permitiu dar um enfoque ampliado sobre o tema, expondo as peculiaridades de cada realidade”, destaca o fotógrafo.
Além de expor beleza e muita dramaticidade, o projeto também evidencia uma realidade dura dessa comunidade e cultura: a ausência da juventude na tradição, que também tem sido apagada pelas grande marinas e pela produção industrial. A obra de Saldanha, além de poética e artística, é uma tentativa de imortalizar esses trabalhadores e sua tradição.
O lançamento oficial foi realizado em julho, na cidade de Penha/SC, como uma homenagem ao município retratado no trabalho. O projeto Raízes é patrocinado pela Celesc e pelo Pacífico Bar. As obras e o livro estarão à venda na loja virtual do fotógrafo: rafaelsaldanha.com.br.
Sobre Rafael Saldanha
De origem curitibana, mas com as raízes fincadas há 20 anos em Penha, o fotógrafo começou a carreira em 2008, trabalhando como freelancer na Prefeitura de Penha. Em 2016, passou a se dedicar à fotografia documental. Sua jornada de descoberta e apreciação na área documental já lhe rendeu alguns prêmios. Em 2017, foi vencedor do Concurso Transversalidades – Fotografia sem Fronteiras do Centro de Estudos Ibéricos em Portugal, na categoria Espaços Gerais, Agricultura e Povoamento, com o documentário, “Los Chapoleros” Os Colhedores de Café dos Andes Colombianos. Em 2019, venceu o Concurso Internacional de Fotografia: Objetivo Mundo do Trabalho, presente, passado e futuro na categoria Mulheres no Trabalho, em homenagem ao centenário da Organização Internacional do Trabalho, organizado pelo programa Construyendo Arte da Red Social UOCRA. E em 2021 recebe o Grande Prêmio Fotografe, na categoria Ensaio/Documental, com a obra “Raízes” sobre a pesca artesanal. Além disso, o fotógrafo recebeu algumas menções honrosas nos concursos 13ª Prêmio New Holland de Fotojornalismo e Festival Internacional de Fotografia Brasília Photo Show 2018/2019.
Serviço
O quê: Exposição fotográfica e lançamento do livro Raízes, de Rafael Saldanha
Quando: 31/8, às 19h30, na Casa Portfólio (R. Alberto Folloni, 634 A) e a exposição fotográfica segue até dia 22/10. Horários: terça e quarta das 8 às 19h; quintas, sextas e sábados das 8 às 22h e aos domingos das 9 às 19h.
Evento gratuito e aberto ao público