Popularmente chamado de chocalho, o maracá é um dos instrumentos musicais indígenas mais conhecidos. Ele é ancestral e feito de forma artesanal. Constituído por uma cabaça seca e oca fixada em um bastão de madeira, contém em seu interior pequenas pedras, caroços ou sementes. Entre as diversas populações indígenas, o maracá tem função agregadora, geralmente é utilizado para marcar o ritmo do canto e da dança durante cerimônias, festividades, ritos e outras manifestações culturais e sociais. Oferecer oficinas para ensinar a confecção deste e de outros instrumentos como tambor, pau-de-chuva e berimbau é a proposta do Projeto “Maracá – o Artesanato de Instrumentos Musicais”. A iniciativa voltada para alunos da rede pública de ensino, com idade a partir de 8 anos, é do músico, arte-educador e luthier, Fabio Mazzon.
Até novembro deste ano serão realizadas 50 oficinas em escolas municipais distribuídas nas 10 Regionais de Curitiba, beneficiando ao todo cerca de 2 mil alunos e também professores.
Além de confeccionarem o próprio instrumento, a partir de materiais recicláveis, os participantes também terão a oportunidade de vivenciar uma experiência musical tocando em conjunto. “A intenção é explorar diferentes sonoridades e oferecer às crianças referências históricas e culturais sobre trabalhos artesanais e sobre a origem dos instrumentos de percussão, sua utilização e evolução ”, conta Fabio.
De acordo com o arte-educador, o projeto também tem como finalidade despertar a curiosidade, estimular a pesquisa, a organização, o planejamento, a imaginação, a criatividade e, sobretudo, contribuir para a ampliação da consciência ecológica, através da utilização nas oficinas de materiais que podem ser reaproveitados e reciclados.
As oficinas terão como ambientação uma exposição temática de instrumentos musicais artesanais produzidos a partir de materiais naturais como argila, madeira, cabaça, sementes, cascas de frutos, conchas e fibras vegetais.
A exposição traz ainda o trabalho de criação e confecção de Tambores de Cerâmica, desenvolvido pelo músico desde 2004, a partir de técnicas de modelagem e decoração utilizadas por povos ancestrais e indígenas brasileiros. “O objetivo com esta iniciativa é oferecer uma atividade cheia de sentido, relevância e cultura, de forma lúdica, interessante, instrutiva e também festiva”, revela o músico.
Visando multiplicar as ações propostas pelo projeto, os professores da rede municipal de ensino que desenvolvem trabalhos em áreas de risco social também serão contemplados com duas oficinas. A atividade será realizada em outubro por Mazzon e pelo artesão e pedagogo Pietro Rosa.
“Numa época de alto consumo em que o fazer não é uma atividade usual entre as crianças, a possibilidade de confeccionar instrumentos musicais de forma artesanal ganha especial importância. Outra contribuição do projeto que é fundamental resgatar nos dias de hoje é a cooperação, o trabalho em equipe e a socialização”, aponta Fabio.
Todos os instrumentos produzidos nas oficinas serão doados para as escolas participantes do projeto.
Projeto realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. Incentivo: Positivo.
Sobre Fabio Mazzon
Músico, Luthier, Ceramista, Arte Educador, Bacharel e Licenciado em Geografia, desde 1998 pesquisa manifestações musicais e se dedica a confecção e execução de diferentes instrumentos de Percussão presentes nas Culturas Nacional e Mundial.
Possui um trabalho específico de criação de instrumentos musicais de cerâmica, com inspiração e referências em diferentes culturas.
Há 25 anos participa como percussionista de diferentes grupos e espetáculos musicais e teatrais. Cria trilhas sonoras para projetos literários e realiza gravações em estúdio, já tendo participado como músico e arranjador de mais de 20 CDs. Integra o grupo Studium Musicae, que pesquisa e trabalha repertórios de música medieval e músicas tradicionais de diferentes países.
Empreende projetos culturais e desenvolve oficinas nas áreas da Música, Lutheria e Cerâmica.
Redes Sociais:
instagram.com/projetomaraca2023
foto- Projeto Maracá – Pietro Rosa e Fabio Mazzon. Créd. Ana Claudia Soriano
