SÈVE Art inaugura em Curitiba

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Curitiba ganha mais um espaço dedicado às artes plásticas. Localizada na Alameda Carlos de Carvalho, a SÈVE Art é dirigida pelas arquitetas Helena e Letícia Rolim de Moura, e tem como principal objetivo impulsionar a trajetória de artistas já consagrados e divulgar novos talentos do cenário artístico nacional e internacional. “Além de promover exposições regulares, teremos eventos que busquem gerar um debate abrangente e produtivo”, afirma Helena. Ela destaca, também, a paixão pela arte, pelos seus vestígios, resgate da memória e a possibilidade de proporcionar novas visões de mundo através do tempo.

A primeira exposição, intitulada Tempo, Cosmos e Mythos, é um catálogo poético dos universos que os artistas Lys Aurea Buzzi, Sergio F. Rolim e Felipe Scandelari exploram. De acordo com o curador Arthur do Carmo, eles trazem à tona a potência da tradição artística e sua capacidade de tocar o âmago dos anseios e histórias humanas. “São três exposições individuais que se comunicam através de questões conceituais e plásticas importantes para a pintura, como, respectivamente, a pesquisa e o uso de elementos e imagens da natureza e da supranatureza, as práticas autodidatas que influenciaram o início da arte moderna e pintores como Picasso, Delaunay, Kandinsky, e a criação outras perspectivas para a pintura de cunho realístico”, conta o curador.  

  • Tempo

O tempo é implacável, devora tudo a seu passo. Ainda assim, Sergio F. Rolim opta por voar na direção desse abismo, trazendo consigo o tempo oportuno, que tece sua própria narrativa, tornando o mistério e o desconhecido a força propulsora da sua produção. A obra de Sergio é filha da noite, com campos de luz e personagens que emergem no movimento das suas próprias memórias. No mesmo plano estão diferentes temporalidades, como personagens e emoções que evoluem e transmutam a si mesmos. Mesmo seu trabalho sendo pintura, supostamente estática, ela sustenta o largo movimento de realidade como se dissesse: nada é permanente. O forte cromatismo de suas pinturas revela um artista vibrante, que renova com espontaneidade sua visão mística, reunindo magia e liberdade, no intuito de mostrar a inquietação espiritual de cada um de seus personagens.

Sergio Francisco Rolim de Moura é brasileiro, natural de Caxambu do Sul. Passou grande parte da sua infância em Chapecó, no estado de Santa Catarina, região sul do Brasil. Aos quatorze anos mudou para cidade de Curitiba, Estado do Paraná, onde reside até os dias atuais.

  • Cosmos

Durante o seu período de formação, Lys Aurea Buzzi vivenciou a ausência do Brasil em meio a rigidez do concreto da vibrante Nova York. As vivências culturais e cotidianas nova-iorquinas contribuíram na sua expansão artística e, ao voltar, a moveram para uma pesquisa com elementos da natureza da sua terra natal como matéria pictórica. Tal como a leveza das formas de grandes dimensões nas suas esculturas de ‘anjas’ no monumento inaugurado como Fonte de Jerusalém, suas pinturas apresentadas nesta mostra se revelam em gestos fluidos fragmentos de impressões da grandiosidade do Universo. Através dos elementos primordiais que são geradores infinitos da vida e natureza, a série Cosmos transmite o fascínio que a força da natureza e do desconhecido nos proporciona, explorando a experiência sensorial de uma visualidade em constante movimento.

Lys Áurea Buzzi, natural de Curitiba, é arquiteta e artista visual. É, também, autora das monumentais esculturas em bronze da Fonte de Jerusalém em nossa capital que, desde 1995, chamam a atenção pelo significado da criação, dimensão e leveza dos movimentos.

  • Mythos

Enquanto isso, Felipe Scandelari recria as representações mitológicas de obras clássicas sob uma perspectiva brasileira. Seu trabalho desafia os mitos historicamente estabelecidos, lançando um olhar perspicaz sobre a cultura e a sociedade. A técnica refinada não é apenas um exercício de destreza, mas uma ferramenta para transmitir camadas de significado muitas vezes não perceptíveis à primeira vista. Ao unir as raízes da pintura renascentista com a realidade contemporânea brasileira, Scandelari reúne nesta exposição personagens de um cotidiano comum, mas denso de significados.

Felipe Scandelari nasceu em 1981 em Curitiba, Paraná, onde vive e trabalha. Formou-se Bacharel em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná em 2006. Participou de diversas exposições coletivas e individuais, com destaque para: Trilhas do Desejo – Arte Visual Brasileira pelo RUMOS Itaú Cultural (Instituto Itaú Cultural/São Paulo e Paço Imperial/Rio de Janeiro); Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira (Santander Cultural/Porto Alegre e Parque Lage/Rio de Janeiro); Estado da Arte – 40 anos de Arte Contemporânea no Paraná, Museu Oscar Niemeyer; Mythologia, na Caixa Cultural de Curitiba. Além disso, tem obras em importantes acervos públicos como o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e coleções privadas.

“Ao abordar o tempo, o cosmos e os mitos da contemporaneidade, os três artistas revelam camadas múltiplas que permeiam a vida, a cultura e a sociedade, apresentando uma narrativa artística que busca desvendar o tecido complexo que compõe nossa existência.”, completa Carmo.

Mercado

A pesquisa “A Survey of Global Collecting in 2022”, patrocinada pelo banco UBS e promovida pela Art Basel, aponta que o Brasil figura entre os 11 países com maior volume em dólares no mercado da arte. Essa posição fez com que colecionadores e revendedores brasileiros participassem da pesquisa que revelou uma tendência de crescimento no mercado para os próximos anos no Brasil e no mundo. Segundo a UBS+Basel 2022, colecionadores estão dispostos a gastar valores mais altos em arte e antiguidades, com o mercado internacional se abrindo para esta projeção. 

A médio prazo, a ideia das diretoras da SÈVE Art é fazer o intercâmbio com o exterior, ou seja, levar artistas locais para fora do país e trazer artistas estrangeiros para cá. Um dos principais incentivos para isso é a profissionalização dos eventos para um setor cada vez mais especializado,onde curadores, compradores, colecionadores, artistas e profissionais do mercado trabalham para que galerias sejam espaços de promoção comercial e cultural cada vez mais sofisticadas e lucrativas.

“A inauguração da Sève Art Galeria apresenta um espaço preocupado em encontrar a sua própria singularidade, através de uma narrativa importante sobre as possibilidades da arte contemporânea, especialmente da pintura. Assim, ao visitar a exposição que inaugura a Sève Art Galeria, o público será convidado a refletir sobre a continuidade dessa tradição ancestral de celebrar novos começos, enquanto exploramos o poder da arte contemporânea em transmitir emoções, questionamentos e reflexões”, finaliza Arthur do Carmo.

 

Serviço

SÈVE Art

Alameda Carlos de Carvalho, 1547

Terça a sexta, das 10h às 19h – sábado 10h às 14h

@seveartgaleria

fotos- marcelo almeida

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