Três filhos ou mais

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Para a geração de mulheres que nasceu na década de 50, ter três filhos era algo normal. Quem nasceu na década de 30 ou 40 então, seis filhos, sete, era a maioria. Mas ao longo dos anos esse número foi caindo. Hoje em dia já não é tão comum ver mulheres na faixa dos 30 anos com três filhos ou mais. Quando muito, um casal de filhos apenas. E ainda: é uma geração de mulheres divididas – tem as que não querem ter filho algum. Então, conhecer um casal jovem com três filhos ou mais já é a exceção na família. Prova disso é que segundo censo do IBGE, em 1970, por exemplo, a média no Paraná era de 6,4 filhos por mulher, e em 2010 esse número caiu para 1,8 filhos por mulher! Ou seja, a geração do filho único.

Convidamos algumas mães que nasceram na década de 70 e 80, mas que na contramão da tendência populacional – optaram por uma família grande, para nos contar como é a rotina delas nesse mundo tão frenético em que vivemos hoje.

 

 

Renata Francesca Pagnoncelli Deconto

37 anos – 4 filhos

Filhos: As gêmeas Giuliana e Giordanna, 6 anos; Teodora, 3 anos ; e Domênico, 5 meses.

Profissão: Formada em jornalismo (exerceu por 7 anos). “Agora trabalho com confecções quando dá, se dá”.

Gestações: A primeira gravidez foi planejada. Queriam tanto um filho que vieram dois. Gemelar. As outras duas foram surpresa.

“Acredito que a correria para atender todos os dependentes é a mesma para uma mãe hoje ou antigamente.  Mas penso ser Impossível de comparar. Antes não havia certas “mordomias” como fraldas descartáveis, microondas e medicamentos tão acessíveis. Porém, as demandas eram menores e a segurança para deixar as crianças nas ruas era outra. Cada época possui uma dificuldade específica. Sei o que ouço de minha mãe, avós, tias. Me parecia haver mais trabalho pesado, porém, eu me lembro de crescer solta pela cidade, brincando nas ruas e tendo que ser levada pra casa por sempre perder a noção do tempo. Essa é a minha impressão. Hoje vejo minhas crianças limitadas as paredes do condomínio (por sorte há bastante espaço), indo de carro pra lá e pra cá. Os meus filhos são incentivados a serem independentes para comer, se vestir, organizar suas coisas. Mas tudo ainda necessita de muita supervisão. Precisam de ajuda para esfregar o cabelo, usar o secador, cortar a carne, alcançar coisas do alto, enfim. Não há parada. Quando não é um que necessita de algo há outro. Vou dormir sempre com a sensação de algo que ficou para o dia seguinte”.

Rotina

Minha rotina deixou de ser cronometrada e perfeitamente sincronizada a partir do bebê número 3. Com dois ainda é possível controlar o silêncio para a soneca do menor. Com dois ainda se pode levar junto ao mercado, farmácia ou banco. Com dois qualquer saída é simples. Com dois as contas de escola e das vacinas particulares são remanejáveis. A partir do número 3 tudo foge do controle com mais facilidade. O espaço no carro já exige cadeirinhas específicas para caber. As vacinas se perdem, as agendas da escola com solicitações disso e daquilo precisam ser planilhadas, os eventos são uma loucura. Com a chegada do bebê número 4 tudo se intensificou. A rotina do meu bebê de 5 meses é uma incógnita. Ele dorme o quanto consegue, ele mama o tempo que dá. O banho dele é sempre com as meninas em cima. Porém, já sempre com muito amor! Antes dessa última gestação eu já havia decidido parar com três. Desapeguei, doei, vendi tudo o que tinha relacionado a bebês. Chamei um brechó e o moço saiu da minha casa com um caminhão lotado. Eu ainda tento trabalhar. Mas faço mais para poder sair da bolha! Sair da rotina da casa, ver e falar com pessoas diferentes. Respirar sozinha.

Mudanças

Muitas mudanças para o bebê número quatro. Tive que reformar a casa. Planejar o quarto das gêmeas para acolher a irmãzinha mais nova. Tive que transformar o quarto de hóspedes em um closet só pra elas. Transformar o único quarto rosa da casa em azul. Precisamos trocar nosso carro para uma caminhonete de 7 lugares. Qualquer espaço possível da casa ou do carro é aproveitado com gosto. Sempre há algo para guardar, retirar, arrumar, desapegar, passar de um guarda roupa pra outro, limpar, lavar, fazer. Eu sou de uma big family. Sou gêmea também. Minha mãe também teve 4 filhos. A diferença é que agora quem fica insanamente correndo pra lá e pra cá sou eu. Bem mais fácil quando é só observar os outros. Eu nunca me imaginei com quatro filhos. Mas nunca imaginei que sabor delicioso é vê-los sendo eles, mesmo com tantos estímulos ao redor. Sou completamente envolvida, apaixonada, sugada e realizada. Colocando em palavras parece estranho. Mas é isso mesmo. Meu marido é um pai extremamente parceiro. Ajuda em tudo com as crianças. Sai sozinho com elas. Mas precisa prover. Precisa trabalhar. Precisa bancar praticamente tudo! Ele já foi um cara mais leve, mais descontraído. Mas as responsabilidades sobre ele são enormes. E ele sabe disso. Assume mesmo! Antes ele queria 6 filhos. Mas já está super satisfeito com os quatro.

 

 

Elisangela Yoshie Hikishima Kusma 

38 anos – 3 filhos

Filhos: Luiz Guilherme, 9 anos; Pedro Henrique, 6 anos; Olivia, 1 ano.

Profissão: Formada em Administração. “No momento mãe sem carteira assinada por opção”.

Gestações: A gravidez do Luigui e do Pedro foram planejadas. Queriam ter o primeiro quando completassem três anos de casados e antes que ela completasse 30 anos. O Pedro foi planejado para que nascesse quando o Luigui já tivesse saído das fraldas, estivesse bem adaptado à creche e ficasse na casa de outros familiares tranquilamente. E tudo ocorreu conforme queriam. Já a Olivia foi um susto (“apesar de que meu instinto materno desejasse muito uma família grande e uma menina para eu brincar de boneca”). Mas quando Elisângela descobriu ficou em estado de choque e demorou 15 dias para contar para o marido. E quando contou ele passou um dia inteiro sem falar uma palavra. “Mas a ficha só caiu mesmo depois de fazer um teste de laboratório e uma ecografia (com direito a comemoração quando soube que não eram gêmeos (risos)”.

Acho muito mais difícil ser mãe agora do que antigamente. E isso até minha mãe concorda. Primeiro vem aqueles olhos esbugalhados das pessoas quando você fala que tem três filhos e a velha frase: nossa…. vocês não tem TV em casa?”. E depois vem tudo…. a casa tem q ser maior, o carro tem que comportar três crianças com suas respectivas cadeirinhas e cintos de segurança  (quando eu era criança lembro de ir pro Paraguai na caçamba da F-1000 do meu pai com mais 7 primos!). Viajar é complicado. Os hotéis oferecem opções para o casal mais duas crianças. Faço o que com a outra? Alugo um quarto só pra ela? E até na hora de comer é diferente.  As crianças de hoje em dia já nascem com vontade própria e gostos específicos.  Não é como no nosso tempo em que a gente comia o que colocavam no nosso prato.  Aqui cada um gosta de alguma coisa,  então na hora das refeição minha cozinha parece de restaurante, de tanta louça pra lavar. Acredito até que recebemos bem menos convites porque só a nossa família já da uma festa! (risos)

Rotina

Meu trabalho é em casa e tudo segue no tempo deles. Tenho que dar conta de fazer minhas coisas nos intervalos deles. Confesso que é bem estressante porque ter que cozinhar, limpar, lavar, buscar na escola, levar e buscar no futebol, na catequese, na casa do amigo e conciliar com o horário do sono da Olivia não está nada fácil. Muita coisa só é pra ser feita depois que todos estão dormindo e nunca está tudo 100%. Sempre falta aquela roupa pra passar, aquela planta pra regar, e aquela eterna vontade de dormir mais um pouquinho. E tem a parte principal, que foi o motivo pelo qual optei por não trabalhar fora: conversar muito, incentivar nos estudos, ouvir bastante para realmente conhecer meus filhos, todos os medos, os sonhos e a personalidade de cada um. Para não correr o risco de colocá-los numa mesma caixa e achar que o mesmo método de criação do primeiro vale para os outros também. Cada um tem uma necessidade diferente e não ignorar isso é a tarefa mais árdua e constante da minha rotina com três filhos.

Mudanças

A sensação de ser uma “big family” é de sermos esquisitos, meio malucos mesmo. Sempre olham pra um deles e perguntam: este é seu também? (rsrsrs). Mudamos nossa vida totalmente. Estávamos iniciando uma reforma quando soubemos que eu estava grávida da Olivia e nesse momento a sala de TV virou um quarto maior para os meninos e o tão sonhado escritório virou um lindo quarto cor-de-rosa. Tínhamos uma doblô porque era muito útil para fazer as entregas de bolos e doces que eu fazia, mas íamos trocar por um outro carro que simplesmente tivesse um porta-malas grande. Já tínhamos negócio em vista e cancelamos porque a doblô foi a melhor opção para acomodar todos confortavelmente. E os nossos planos de fazer uma viagem com os filhos em uma idade legal para poder aproveitar bem foi adiada para daqui uns 3 anos. Mas apesar das dificuldades e do “preconceito” da sociedade, amo minha família do tamanho que é e não trocaria por nada! Tudo é mais animado, mais barulhento e parece que todo dia é dia de festa. E penso o quanto isso será gratificante quando eles forem adultos e tiverem irmãos para compartilhar os bons e maus momentos. Eles sempre saberão que têm amigos verdadeiros com quem contar em todos os momentos, pois sempre falamos da importância da família e de como os irmãos devem se amar! E eu babo quando vejo os dois mais velhos fazendo planos de casarem e morarem um ao lado do outro para que as mulheres sejam amigas! Não é de encher o coração de alegria?

 

 

Sabrina Dalmolin

39 anos – 3 filhos

Filhos: Lucas 16, Gabriel 14 e Theo 5.

Profissão: Publicitária e Digital Influencer.

Gestações: Não planejou nenhuma gravidez. Foi tudo surpresa.

É bem corrido e diria que às vezes até meio estressante. Minha mãe teve quatro filhos e acho que hoje em dia é mais fácil, pois temos muitos acessos a informações e mais disponibilidade a acompanhamentos de profissionais, como dentistas por exemplo (minha mãe levava os filhos quando tinham algum problema, dor – e já em último caso, rsrsrs). Hoje em dia levamos por prevenção, o que diminui muitos problemas, médicos, psicólogos. Acredito que em geral SER mãe é mais fácil, mas como falei acima, mas um grande complicador são as várias funções que somamos atualmente.

Rotina

A rotina é corrida para mim e pra eles, mas conseguimos organizar bem pra que tudo corra certo. Consigo conciliar, às vezes aperta, mas sempre damos um jeitinho.

Mudanças

Foi necessário adaptar casa e carro, porque além de muita gente, sempre tem muita bagagem. Fora a conta do mercado que nunca é coisa pouca. A big family às vezes soa “Uau! Que tropinha vc tem!” mas não me abala, é uma delícia ter a cama cheia de amor aos domingos! Uma bagunça gostosa.

 

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