Texto: Maria Emilia Staczuk. Foto: Divulgação
O mercado de lançamentos residenciais em Curitiba cresceu 23% no número de unidades vendidas no 1º trimestre de 2018, em relação ao mesmo período de 2017, totalizando 1.016 imóveis comercializados. Os dados da pesquisa mensal da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR), realizada em parceria com a Brain Bureau de Inteligência Corporativa, revelam que proporcionalmente ao volume de unidades vendidas, o Volume Geral de Vendas (VGV) comercializado no período aumentou 24,6%, totalizando R$ 394 milhões.
Para o presidente da Ademi/PR, Jacirlei Soares Santos, esse crescimento é um reflexo da mudança no panorama econômico nacional não apenas do ponto de visto do consumo, mas também da produção. “O controle da inflação, a redução dos juros para financiamento imobiliário com a queda histórica da Selic e a recuperação, ainda que lenta, dos níveis de emprego, criaram um cenário de confiança e maior adequação da renda para a compra do imóvel. Esse cenário de estabilidade também resgatou a confiança do empreendedor que vai retomando a produção, ou seja, lançando novos empreendimentos”, analisa.
O estudo da Ademi/PR e da Brain revelou ainda que, analisando o desempenho dos três primeiros meses do ano e considerando a série histórica que se inicia em 2012, o 1º trimestre do ano passado foi o com o menor volume de unidades vendidas, 825 no total, e com o pior resultado em termos de VGV comercializado, da ordem de R$ 316 milhões.
Não foram apenas as vendas que tiveram resultado positivo nesse começo de ano: o preço médio do metro quadrado privativo dos apartamentos residenciais novos em Curitiba teve alta acima da inflação no 1º trimestre de 2018, comparando com os três primeiros meses de 2017: 3,5% contra 2,68% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), com ganho real para o comprador. A média do metro quadrado privativo para os imóveis novos na capital paranaense chegou a R$ 7.203,00. Na análise por bairro, o Batel liderou o valor médio do metro quadrado privativo para todas as tipologias (1, 2, 3 e 4 quartos), de R$ 11.048,00 a R$ 13.385,00.
“A maioria dos investidores brasileiros tem um perfil conservador, tradicionalmente com aplicações financeiras de baixo risco, como poupança e Renda Fixa. A queda da inflação teve como reflexo direto uma queda vertiginosa dos índices de rentabilidade e o imóvel residencial voltou à cena como boa opção, seja para a compra com fins de moradia ou mesmo para investimento”, explica o diretor de Relações Institucionais da Ademi/PR, Marcelo Gonçalves.
Lançamentos
Em termos de lançamentos, a pesquisa apontou uma nova tendência para o mercado imobiliário em Curitiba: os novos empreendimentos vêm com menos unidades, a maioria abaixo de 100 por condomínio. Basta analisar os dados: embora o número de empreendimentos lançados tenha ficado praticamente estável (foram 10 no 1º trimestre de 2018, um a menos em relação ao mesmo período de 2017), a quantidade de unidades novas colocadas no mercado caiu pela metade (302 no 1T2018 contra 663 no 1T2017).
“Os dados evidenciam ainda que houve uma diminuição significativa nos lançamentos de empreendimentos do Minha Casa Minha Vida em Curitiba. O alto custo dos terrenos torna muito difícil viabilizar esse tipo de construção na capital paranaense. Com o recente anúncio do presidente Michel Temer autorizando operações de contratação de crédito para mais 50 mil habitações dentro do programa, esse setor tende a aquecer, especialmente nos municípios da Região Metropolitana”, ressalta Santos.
Os imóveis do programa Minha Casa Minha Vida (com preço até R$ 215 mil) correspondem a 6,4% do mercado de lançamentos imobiliários em Curitiba em empreendimentos (25 empreendimentos lançados desde 2008). A participação desse setor no mercado é bem superior em termos de unidades, da ordem de 13% (4.17 unidades), em função do tamanho dos condomínios.
Na análise da série histórica, o levantamento da Ademi/PR e da Brain mostraram que, entre os primeiros trimestres, o de 2013 teve o menor número de empreendimentos residenciais lançados em Curitiba, apenas três no total. Já o 1º trimestre de 2016 foi o com a menor quantidade de apartamentos novos colocados para venda, 246 no total.
Estoque
O estoque de apartamentos novos em Curitiba também se manteve estável nos em março/2018: 7.796 unidades, com leve alta de 2,5% na comparação com o mesmo período de 2017, quando havia 7.606 imóveis em estoque. O montante é 14,2% menor do que o registrado no 1º trimestre de 2016, quando existiam 9.087 apartamentos novos em estoque.
“A disponibilidade está em 23%, ou seja, de cada 100 imóveis residenciais colocados para venda a cada mês, 77 são vendidos. O nível do estoque é saudável para o tamanho do mercado local e, quase metade do montante disponível para venda concentra-se em imóveis prontos, o que indica uma boa absorção dos novos empreendimentos em termos de comercialização”, argumenta Gonçalves.
A pesquisa da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR) e da BRAIN Bureau de Inteligência Corporativa, no 1º trimestre de 2018, contou com uma amostra acumulada de 390 empreendimentos residenciais novos (na planta, em construção ou concluídos) para venda por construtoras, incorporadoras e imobiliárias em Curitiba, coletados diretamente junto às empresas do setor.